Eu era assinante da revista Veja no período da última eleição presidencial, em que Lula foi leito para o segundo mandato.Como professora, mestre em linguística, cuja linha de pesquisa foi a análise do discurso de linha francesa, me sinto apta a avaliar as intenções que o texto apresenta. No caso da veja eu nem precisava fazer muito esforço. As capas eram absurdamente parciais.As manchetes - a escolha do vocábulário - sempre negativas quando se tratava do Lula e sempre positivas ao tratar do adversário; as cores escuras, nebulosas, para Lula e alegres para Alkmin. Não gostei da postura adotada e cancelei a assinatura. Fiz questão de dizer qual foi o motivo.
Eu não espero, e nem quero, que a revista defenda esse ou aquele candidato, mas o mínimo de parcialidade significa respeito ao leitor. Falta isso para uma revista que se pretende respeitada. A folha, na minha opinião, faz igual.Mas hoje resolvi dar uma olhadinha nesse jornal (online) só para ver a avaliação do debate de ontem na Record. E não é que o Dimenstein escreveu se perguntando sobre "quem é Serra?" Não à toa haviam vários comentários de pessoas tão surpresas como eu.
O texto que eu mais gostei entretanto é o do Valdo Cruz, para o qual faço questão de abrir um espaço, já que vem ao encontro do post que fiz aqui no blog sobre o caso da bolinha de papel (se puderem, leiam os comentários ao texto lá no site da Folha - os negritos são meus):

Os dividendos da bolinha de papel!
Pois bem, enquanto o PT mantém suas alfinetadas em José Serra por conta da "bolinha de papel" no Rio, o PSDB deletou a história de seu programa de TV. Sabe por quê? Porque ganhou mais pontos a versão petista de que o incidente foi uma farsa do tucano. Ou seja, o episódio, no fim, estava rendendo mais dividendos eleitorais a Dilma Rousseff do que ao tucano. Pesquisas dos dois lados mostraram essa tendência do eleitorado.
Enfim, o resultado eleitoral do incidente acabou sendo um desserviço à vida política do país. Pelo visto, valeu a pena, para sua candidata, o presidente Lula atacar o tucano José Serra por uma suposta simulação, sem fazer restrições às agressões entre petistas e tucanos. De quem governa o país, o que se espera é equilíbrio e condenações a atos de violência. Não estímulo, ao estilo líder partidário, como fez indiretamente o petista.
O fato é que as pesquisas petistas mostraram que Dilma teria crescido ainda mais nos últimos dias, abrindo uma liderança confortável em relação a José Serra. E um dos motivos desse crescimento seria o que grupos de eleitores teriam classificado como uma "vergonha", a suposta farsa de Serra.
Do lado dos tucanos, os levantamentos internos estariam indicando que a distância entre os dois candidatos é menor do que apontam os principais institutos de pesquisa. Reservadamente, porém, não negam que o episódio da "bolinha de papel" não rendeu os dividendos eleitorais esperados.
Quanto ao episódio, o fato é que, pelas imagens disponíveis, não é possível tirar conclusão definitiva. Não dá para garantir qual versão está correta. Se a da simples "bolinha de papel" quicando levemente na cabeça de Serra ou a de uma fita crepe que teria causado maior impacto no tucano. Do ponto de vista visual, a cena da bolinha de papel tem mais apelo e serve mais ao jogo eleitoral. A da fita crepe não tem a qualidade da outra.
O problema é exatamente esse. A discussão parece ter ficado restrita à bolinha de papel e à fita crepe. Tudo o que aconteceu em volta, de repente, parece ter desaparecido, não ter existido: os empurrões, agressões, as disputas físicas entre militantes petistas e tucanos, um belo mau exemplo de campanha eleitoral. Sem condenações daqueles que deveriam dar o bom exemplo.
O fato é que, no momento, os tucanos estão em busca de um fato capaz de propiciar uma virada na reta final da campanha, que termina no próximo domingo. A mudança de humor no final do primeiro turno, frustrando as expectativas petistas de liquidar antecipadamente a eleição, indica cautela em qualquer análise. As próximas pesquisas darão o caminho da tendência do voto. Daqui até o final da eleição, teremos praticamente uma pesquisa por dia. A conferir.
(Valdo Cruz, 48 anos, é repórter especial da Folha. Foi diretor-executivo da Sucursal de Brasília durante os dois mandatos de FHC e no primeiro de Lula. Ocupou a secretaria de redação da sucursal e atuou como repórter de economia.)
Minha florzinha...
ResponderExcluirQual o limite entre a política e a ética?
Será que sempre serão misturas heterogêneas?
Será que realmente "Os fins justificam os meios"? Onde está a moral?
Segundo VÁZQUEZ (1992), moral expressa "um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento individual dos homens".
Onde está a moral dos 47% dos votos válidos..., acho que está num rolo de fita adesiva.
Beijos.