quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A dama de vermelho

Tomo emprestado o título do filme de Gene Wilder para me referir à nossa presidenta eleita. Estou aliviada por ter se encerrado esse segundo turno e pelo resultado dele. Essa dama de vermelho pode não ser linda, exuberante, sedutora como a do cinema, mas conquistou não apenas um homem e sim 55 milhões de homens e mulheres brasileiros.

Embora ela não tenha pautado sua campanha na questão de gênero, pelo menos não tendo feito disso seu carro-chefe, a eleição de Dilma representa sim uma vitória para as mulheres. Nós que conquistamos o direito ao voto tardiamente; que ainda somos subestimadas quando se trata de assumir funções de chefia; que temos cargos e salários inferiores; nós que ainda somos consideradas ingênuas e incapazes de escolhas maduras; nós que ainda sofremos com o autoritarismo masculino dirigindo nossas escolhas (digo isso principalmente por uma questão familiar: muitas mulheres votam em quem o marido manda ou escondem seu voto, com medo da reação do marido); nós que somos a maioria da população, que administramos famílias, filhos, emprego, mas ainda não acreditamos no nosso potencial para tratar de questões políticas (as intenções de voto em Dilma, segundo pesquisas, eram de maioria masculina), tanto que na maioria das vezes e dos partidos nem sequer preenchemos as cotas de participação.

Infelizmente ela vai continuar sofrendo preconceito durante seu mandato. Porque é mulher, muitos dizem que quem vai mandar será o Lula. Por ser mulher, muitos duvidam de sua competência. Por ser mulher, vão criticar sua maquiagem, sua roupa... vão fazer especulações sobre sua vida sexual.Vão fazer de tudo para mostrar que ela não é capaz de governar um país...

Mas, o que importa nisso tudo, é que Dilma está lavando a alma das mulheres e abrindo um precedente histórico na política brasileira. Não foi e não será fácil, mas ela demonstrou obstinação e confiança em si mesma. E conseguiu. Só por isso ela já merece meu respeito e admiração.

2 comentários:

  1. "Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"
    Simone de Beauvoir

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  2. Viva ao Legado de Lula, viva a Dilma. Espero que ela faça aquilo que prometeu. abraço

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