segunda-feira, 11 de abril de 2011

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Sexta-feira fomos ao aniversário de um amigo de meu marido. Estava tudo ótimo até que eu precisei ir ao banheiro. Como o lavabo estava ocupado, a filha do aniversariante me levou até o quarto de hóspedes, onde eu poderia usar o banheiro. Quando tranquei a porta ouvi um barulhinho estranho, mas nem suspeitei do que estava por acontecer... quando tentei abrir a porta para sair, eis a suspresa: a chave não virava. Eu estava presa no banheiro. Tentei usar os recursos disponíveis como forçar um pouco a chave, ver se havia algo que eu pudesse usar para destrancar a porta, mas nada!! Minha única alternativa foi esperar que alguém aparecesse pra chamar ajuda. Sorte que a janela do banheiro dava para um vão onde havia um jardinzinho e uma porta que dava para o corredor da casa. Fiquei olhando pela janela até que vi alguém passar. Chamei, mas a moça não ouviu. Comecei a movimentar a maçaneta e chamar, até que ela ouviu e foi buscar ajuda. Em instantes havia um monte de pessoas dentro do quarto tentando abrir a porta. O fato é que a porta tinha aquelas fechaduras com chave imbutida, sei lá como se chama. Ela havia quebrado. Mesmo com chaves de fenda e tantas outras coisas não havia como virar a trava. Do lado de dentro eu ria. Ria de mim mesma, envergonhada por estar mobilizando tanta gente e ter praticamente parado com a festa. Depois de várias tentativas percebemos que o único jeito de me tirar dali seria tirando a porta. Com uma chave de fenda e um martelo eu tirei os pinos das dobradiças da porta (a primeira foi fácil, a segunda mais ou menos, e a terceira deu muito trabalho!!). Suei, ma deu certo. Fiquei cerca de 40 min lá dentro. Levei tudo numa boa... riram, fizeram graça... no fim foi a diversão da noite. Como não paguei a festa, paguei o mico!! kkkkk
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Esqueci de registar aqui que eu e meu marido fomos ao velório do ex-vice-presidente José Alencar. Além daquela visita pública, tivemos acesso ao local dos convidados e familiares e pudemos ficar para o culto. Me senti honrada em poder estar tão perto do corpo de José Alencar. Ficamos até a chegada da presidenta Dilma e do Lula. Ali, bem pertinho. Claro, não era ocasião para tietagem, mas me senti privilegiada por ter tido essa oportunidade. Ah!!! No dia seguinte minha mãe ligou cedo pra dizer que tinha nos visto na televisão.
Foi na hora que subíamos a rampa para a visita pública. Pensem na coincidência: mais de 8 mil pessoas passaram por aquele local e justamente nós dois aparecemos... e só a minha mãe viu. Depois pudemos conferir no site do bom dia Brasil.
Claro que o vídeo foi "veiculado" pra família toda. Não foi essa nossa intenção, mas se fez a alegria de minha mãe, mesmo num momento triste, é o que importa.

Tiramos fotografias, mas não vou postá-las aqui porque muita gente acha de mau gosto fotografias de velórios...Coisa puramente cultural porque a gente vê TV, acessa a internet e compra jornais e revistas para ver fotos exclusivas das tragédias... no mínimo irônico.Mas isso já é outro assunto.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Antes tarde do que nunca...

Faz cerca de 30 anos que 3 trios, irmãos de meu pai, e suas famílias foram morar em Sorriso/MT. Durante todos esses anos imaginei um dia conhecer o lugar, visitar os parentes. por muitas vezes meus tios convidaram. Tive até a oferta de pagarem minha passagem, mas não tinha tido oportunidade. Finalmente, no último final de semana pude fazer essa viagem. Aproveitei uma promoção da empresa aérea e comprei passagens para Cuiabá. Sinop seria mais perto, mas essa empresa não cubria o percurso e com as outras a passagem estava muito cara.

Fui de avião até Cuiabá e de lá segui de ônibus a Sorriso, o percurso inverso na volta.
Não pude ver nada de Cuiabá porque cheguei à noite, aliás cheguei às 32h50 (no meu relógio) e sabia que havia um ônibus partindo às 23h30, depois outros só lá pelas 3h da manhã.
Decepcionada por ter perdido o primeiro, fui me informar com um taxista sobre a distância até a rodoiária, o tempo necessário para o percurso... no relógio dop taxista eram 23h... e eu achei que o relógio dele estivesse errado. Foi então que fiquei sabendo (nem tinha me passado pela cabeça) que o fuso é diferente!! Já estava voltando para o aeroporto para espara as horas passar quando me dei conta de que, se lá era uma hora mais cedo, o ônibus ainda não havia partido!! Dei sorte. Fui rapidinho para a rodoviária e poucos minutos depois já estava a caminho de Sorriso.

Foi um fim de semana ótimo. Revi primos que há anos não via, conheci os filhos de meus primos. Revi meus tios e tias. Foi muito agradável. Tive de me virar para conseguir ficar um pouquinho em cada casa. Pena ter sido pouco tempo. Mas como eu disse... antes tarde do que nunca.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

4 anos



Como não escrevi ontem, reservo esse post para lembrar os 4 anos de falecimento de meu irmão. Dessa vez, ao invés de homenagem, prefiro contar um pouco das coisas que aconteceram. Talvez um dia eu relate tudo o que se passou, pelo menos tudo sob a minha perspectiva dos fatos.

Era mais ou menos 10h da manhã de sexta-feira quando a ambulância o levou ao hospital. Depois de um momento terrível em que pensamos que ele já estava morto e eu desesperada tentando passar as informações à atendente do SAMU, ele mesmo desperta e me ajuda a dar o endereço. No meio da tragédia, foi até engraçado. Houve muitas cenas cômicas no período de dor. Como o dia em que eu lhe dava comida na boca, no quarto do hospital. Estávamos eu e uma tia. Achei que fosse um molho de tomate, mas era uma espécie de creme de abóbora (ele não era muito de legumes...). na hora em que colocou a comida na boca fez uma cara tão feia!!! Então ele disse que era abóbora e demos tanta risada!! Não parece engraçado aqui, mas foi uma cena muito cômica. E teve o dia em estávamos no quarto (em casa) minha mãe e eu ajudando-o a comer, sei lá, não lembro bem, e meu pai por perto. Aí ele (meu pai) começou a falar que minha mãe tinha que fazer suco de beterraba, suco daquilo, que ele tinha de comer isso e aquilo. Quase a ponto de discutir com minha mãe.Eu e meu irmão começamos a rir das dicas de meu pai. Meu irmão me deu uma piscadinha e eu não aguentei. Caí na risada, mas não queria que meu pai percebesse que estávamos rindo dele, então tive de inventar qualquer coisa pra disfarçar. Foi hilário. Quando meu pai saiu meu irmão disse uma frase que marcou muito: "Não é um suco de beterraba que vai salvar a minha vida". Infelizmente não.

Bem, naquele dia em que a ambulância o levou (isso depois de ter estado internado, de ter ficado na UTI, de ter passado uns dias em casa) eu olhei aquela imagem e pensei que ele não voltaria mais para casa. Só o vi no sábado pela manhã, no horário de vistas da UTI, com a respiração fraca, os pés inchados, mas lúcido. Ele me fez uma recomendação sobre as visitas do dia. Disse que certas pessoa deveriam deixar de visitá-lo para que minha avó e meu cunhado pudessem ir.(Só entravam duas pessoas por horário) Parecia querer dizer que sabia que muitas pessoas desejavam visitá-lo, mas que havia algumas a quem ele queria a oportunidade de ver algumas pela última vez. Estava cansado. Ás 17h daquele mesmo dia, com minha avó ao seu lado, ele faleceu. Não poderia ser outra pessoa a estar ao lado dele. Somente ela, com a sabedoria e serenidade de seus quase 80 anos, na época, poderiam estar lá naquele momento. Fosse qualquer outro não saberia o que fazer. Ela rezou, pediu a Deus que levasse sua alma em paz.

Passarão anos mas acho que nunca esquecerei daqueles dias em que enquanto cuidávamos de sua saúde tão debilitada íamos ao mesmo tempo nos despedindo dele. Dias difíceis. Como foram difíceis os dias depois. A dor da ausência, as perguntas sem respostas, os trâmites legais, os documentos infindáveis...

Eu ainda me pergunto por que teve de ser assim. E se ele ainda estivesse vivo, como seria nossa vida? Nunca saberei. Só sei que a vida sem ele tem um vazio. Haverá sempre um espaço que deveria estar preenchido com sua presença.